segunda-feira, 1 de julho de 2013

Diário de bordo: Mind the Gap...



Apesar de existirem mais de 8 milhões de Londrinos, Londres é conhecida por ser uma cidade de solitários. Talvez pelo jeito britânico de ser, talvez pelos dias chuvosos e cinzas, o fato é que as pessoas pouco se olham nos olhos e dificilmente conversam.

Fato curioso: sites de relacionamento são extremamente populares...

O engraçado dessa solidão compartilhada é que a cidade - como o organismo vivo que é - parece se preocupar com  cada um como se fosse um grande amigão de todos. Durante minhas primeiras semanas aqui, minhas únicas conversas em inglês "britânico" era com aquela voz camarada que me avisava quando descer do trem e que eu cuidasse para não esquecer nenhum dos meus pertences. Frequentemente eu conversava com a voz do trem, conversas bem interessantes ao meu ver.

Mas não fica só por aí. Quando você vai atravessar a rua, meio descuidado, olhando o celular, se depara com um aviso escrito no chão te avisando para olhar para o lado de onde os carros estão vindo. "Obrigado Londres, eu poderia ser atropelado!"... 

Todos os cuidados que a cidade tem com seus cidadãos e turistas são importantes, mas talvez o mais marcante (e o que certamente vende mais camisetas) é o famoso "Mind the Gap", escutado repetidamente a cada estação do metrô. Eu soube dele antes de pisar em solo inglês, quando um amigo usou essa expressão e traduziu para um abrasileirado "Te liga no vão!". Já em terras britânicas e passados alguns meses, aprendi que esse aviso tem muitos outros significados.

Um olhar simplista sobre o "mind the gap" diria que ele só nos lembra de prestar atenção no espaço entre a plataforma e o trem, afim de evitar acidentes. Entretanto, sabendo da personalidade plural dessa cidade, não consigo me contentar com essa explicação, e fico imaginando o que mais ela estaria tentando me dizer a cada vez que repete "mind the gap, mind the gap, mind the gap"...

Minha interpretação poética, mas realista, é que Londres tenta nos fazer lembrar de outros "gap's" da nossa vida, que não podem ser esquecidos e precisam ser preenchidos. Como aquele amigo preocupado que nos faz pensar honestamente sobre a coerência de nossas atitudes, Londres tem me dito para cuidar o vão entre o que eu falo e as ações que de fato eu tomo; o vão entre os meus sonhos e tudo que eu preciso ainda fazer para alcança-los; o vão entre o que todos acreditam como "vida perfeita" e aquilo que realmente me faz feliz.

Londres te deixa livre para listar os "gap's" de sua vida, que são diferentes de pessoa para pessoa, mas dia após dia a cidade insiste em te fazer refletir. Uma reflexão fundamental nessa terra que o tempo voa e que é tão fácil deixar o cotidiano sobrepor os teus sonhos... mas esse já é o tema para um outro post!



Para concluir, e como o inglês é um dos objetivos, andei escrevendo uns versinhos inspirado na resposta de um colega de trabalho a constante pergunta "Where are you from?". Ele respirou, pensou, e com sabedoria me respondeu "I'm from the same world of you!".


Poetry in english, simple as a beginner...


We are all the same


I've been walking around;

Learning and feeling more than I used to;
And after these weeks all that I found;
About people that's only one truth;
No matter what language you speak;
I'm from the same world of you.