segunda-feira, 24 de junho de 2013

Rótulos, rótulos, rótulos...

No meu último texto assumi minhas limitações de conhecimento nessa matéria - política - mas estou me permitindo voltar a escrever sobre isso pois os acontecimentos dessas ultimas semanas me demostraram que não sou só eu que conheço pouco. Pelo contrário, há quem conheça muito menos ou quase nada e não tem o menor pudor (ou vergonha) em criar verdades absolutas e compartilha-las aos quatro ventos.

Tentou-se evitar por um momento que os protestos - que nasceram genuinamente da população - se tornassem em manobras partidárias e campanhas eleitorais. Impossível, fato! É assim que o processo democrático se faz, por meio de partidos políticos, suas ideologias e seus simpatizantes. Mas o problema a meu ver é que dessa vez começamos a viver com mais de um ano de antecedência os rótulos, a propaganda e a violência típicas de períodos eleitorais. Essas que normalmente só servem para confundir ainda mais o pobre eleitor desinformado, sem educação, manipulável.

Em vídeo compartilhado por tantos nas redes sociais o vlogueiro e apresentador da MTV PC Siqueira define que os protestos são iniciativas de esquerda, e define esquerda e direita de uma maneira bem caricata, praticamente utilizando um anjinho para a esquerda e um diabinho para a direita. Não há problema nenhum em ele ser de esquerda e defender isso, o problema é que a internet fez dele um formador de opinião e os conceitos que ele apresentou são tendenciosos e falsos. Não é culpa dele na verdade, ele provavelmente teve aulas com professores que alimentavam essas visões míopes, esses rótulos, e assim ele construiu a sua opinião um tanto quanto viciada.

Em contrapartida poderia vir um vídeo de alguém de direita definindo a esquerda como "comedora de criancinhas", só para usar um exemplo bem absurdo (mas que já foi utilizado) ou utilizar dados negativos de governos de esquerda ao redor do mundo. O resultado seria uma caricatura mal feita que não ajudaria ninguém a formar opinião de fato.

Esquerda e Direita na verdade são, ou deveriam ser, representações da ideologia que cada corrente segue. No caso da esquerda seriam movimentos ligados aos ideais comunistas e/ ou socialistas, a classe trabalhadora, a igualdade social promovida por uma presença maior do estado. No caso da direita seriam movimentos ligados aos ideais capitalistas e/ ou liberalistas, que defendem a propriedade privada e que buscam a melhoria das condições de vida da sociedade como um todo por meio do desenvolvimento econômico e menor presença do estado.

As minhas definições foram rasas para ambos os lados, então não se sintam lesados, nem passem a me criticar por não estar metendo o pau em nenhuma, eu sei que existem argumentos para desqualificar qualquer uma delas.

O fato é que essas posições ideológicas deveriam ser representadas por partidos políticos, e no Brasil as ideologias só aparecem no discurso em épocas de campanha, nunca na prática. Talvez seja por isso que a presença de partidos políticos foi tanto rechaçada nos protestos. As bandeiras podem até simbolizar a ideologia daquele grupo de militantes que protesta, mas o partido em si não representa mais. Não quero ofender militantes do PT nem desmerece-los, a história política do partido foi importante para o Brasil e fomentou muitos sonhos, não é atoa que existiram tantos militantes fervorosos. O problema é que quando o Lula apoia o Collor - como bem pontuou o humorista Danilo Gentili - as ideologias do partido foram postas no lixo. Em outras palavras, vendeu-se a alma para o diabo. Pegando o exemplo do governo do estado do Rio Grande do Sul e o trato que ele dá as revindicações dos professores, seria esse mesmo o partido dos trabalhadores?

Para falar de partidos de direita, qual dos que se dizem de direita realmente promovem em seus governos uma melhor gestão de recursos e eficiência administrativa, reduziu a carga tributária sobre as empresas e principalmente os encargos trabalhistas? Esse era o discurso... PSDB só é de direita na opinião de um militante de esquerda, pois as ações deles enquanto governo não são.

Dito isso, vejo que o rótulo dos "Sem-partidos Fascistas" que esta sendo imposto aos protestantes que repudiaram a presença dos movimentos partidários que teoricamente são de esquerda, esta sendo mais uma visão míope do todo. O Brasil, principalmente os BRASILEIROS, não estão agindo a favor de um regime ditatorial e sem partidos políticos, como alguns estão interpretando. O Brasileiro esta tentando dizer:

- Eu não sou contra partidos políticos, eu sou contra ESSES (os atuais, todos) partidos políticos!

Além disso, fortalece essa decepção com os partidos, o fato de NENHUMA liderança política ter se posicionado, seja contra ou a favor, mesmo que fosse neutro, em relação os protestos. O povo foi as ruas no maior protesto da história do país e os que deveriam nos liderar simplesmente lavaram as mãos. Talvez estejam esperando para ver onde isso tudo vai dar para aí sim se comprometerem com algum lado.

No meio disso tudo o povo, seja de esquerda, direita, ou famoso "não sei/ não tenho opinião formada" das pesquisas, esqueceu suas pautas comuns e voltou a brigar ideologicamente.Um atraso na minha opinião para  o movimento e para os interesses do povo.

Gostaria de falar também sobre um outro rótulo que é usado normalmente para depreciar a outra parte em um debate, muitas vezes usado como sinônimo de direita capitalista: CLASSE MÉDIA. Ser de classe média não esta relacionado a posições ideológicas, por incrível que pareça. Quando escuto as críticas a classe média fico com a impressão que a pessoa que esta falando não reconheceu ainda o papel que ocupa na sociedade. Todos queremos um Brasil melhor, mas ninguém quer ser tornar classe média pois aí fica-se ignorante, alienado, passa-se a somente assistir e ler mídias de direita e blá, blá, blá....

Hoje a classe média brasileira, por definição econômica, representa mais de 50% da população brasileira, e quem foi as ruas protestar foi a classe média, e suas diferentes ideologias.  Não há problema em ser classe média, o problema é ser classe média ignorante, mas ai é outra história. Ideologicamente falando, o bolso não quer dizer muita coisa no Brasil. Tem muito rico comunista e pobre capitalista.

Por fim, o mais importante, DIREITA e ESQUERDA não são sinônimos de SITUAÇÃO e OPOSIÇÃO no governo, como algumas pessoas  acham. Quem ta governado é situação e quem não ta é oposição, independente da cor. E num regime democrático como o Brasil se diz ser, oposição é tão importante quanto situação. As divergências entre os dois fazem que cada parte da população seja representada. E cabe ao eleitor controlar e cobrar que essa representatividade seja exercida com coerência e honestidade.

Estou aberto para críticas e sinceramente espero ter ajudado de alguma forma. O Brasil só será grande quando aprender a fazer política verdadeiramente é deixar para trás todos esses rótulos que atrasam os debates.

Respeito é fundamental.


Nenhum comentário:

Postar um comentário